sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Nascimento do Enzo - São Luiz - Anália Franco

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a chegada da Lara foi assim...

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Nascimento do Daniel

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Parto Domiciliar André

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A chegada de Vicente

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ver parir a una mujer

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Parto natural sem assistência em casa Nascimento

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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

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O Pós-parto O parto constitui-se num processo de transição que coloca um ponto final no estado da gravidez e dá início ao puerpério ou pós-parto. Esta nova fase abrange um período de cerca de quarenta dias e se apresenta com características altamente relevantes para as pessoas envolvidas e, em especial, para a puérpera. Durante os longos meses de gestação, a mulher foi se adaptando às transformações internas e externas que ocorriam lenta e gradualmente. Todos à sua volta eram-lhe solícitos aos seus desejos e cuidados. Ela era o centro das atenções. Com o nascimento do bebê, nasce uma família. As mudanças são bruscas e tudo muda em sua vida. Ocorre, então, uma mistura profunda de sentimentos: alívio e euforia por já ter passado pela experiência do parto e por ter sido constatado que o bebê nasceu perfeito e saudável, o que aumenta sua autoconfiança por ter sido capaz de procriar bem. Quando o bebê é apresentado aos pais, todas as atenções se voltam para ele. Muitas vezes surgem sentimentos de frustração com o filho, por ser diferente do idealizado seja pelo sexo ou mesmo pela aparência f'ísica. Ao olharem para aquele ser tão pequeno e indefeso, totalmente dependente e ainda desconhecido, é que os pais sentem o profundo impacto do compromisso assumido para toda a vida, o que os torna fragilizados e assustados. A primeira angústia que surge na puérpera é quanto ao aleitamento, questionando-se se terá leite suficiente ou mesmo se o bebê aceitará a amamentação. Tais perguntas escondem a real preocupação que é a possibilidade de falhar como mãe, pois a maternidade é, agora, um fato consumado. Dessa maneira a permanência no hospital é sentida como apaziguadora, no sentido que proporciona à puérpera e seu filho toda a assistência e cuidados de que necessitam. Mas chega o dia da alta hospitalar e, com ela, o retorno ao lar. O medo de assumir sozinha as responsabilidades para com o bebê, aumenta a insegurança materna. Além disso, as atenções especiais, as comemorações e visitas começam a diminuir, enquanto que as obrigações assumem proporções imensas. Novamente se intensificam as angústias quanto à maternidade. O medo de não corresponder à figura de mãe idealizada une-se ao temor de não saber cuidar do bebê gerando a possibilidade de que adoeça e morra. Os primeiros dez dias do pós-parto são os piores. Com os seios inchados e doloridos e ainda sentindo dores se o parto foi cesárea ou mesmo normal, por causa da episiotomia (corte de cerca de quatro centímetros feito no períneo, antes do bebê nascer, para proteger os tecidos contra roturas e lacerações), o próprio estresse físico e emocional do trabalho do parto, a perda do ninho protetor que era o hospital, o não reconhecimento do próprio corpo, os deveres que a esperam, sem saber se dará conta, sua vida pessoal e profissional, tudo isso contribui para o aparecimento do baby blues ou depressão pós-parto. Neste momento, torna-se fundamentalmente necessário o apoio familiar e de amigos, que auxiliem e estimulem a puérpera a exercer suas atividades maternas, revezando-as com ela, para que também possa descansar. O confronto com o corpo atual é um aspecto difícil a ser superado, pois já havia se acostumado com a imagem do corpo grávido. Embora vazio, não o reconhece como sendo o mesmo anterior à gravidez e em nenhum outro momento de sua vida. A abstinência sexual vem fortalecer o sentido de fealdade na mulher, de perda da sensualidade e do poder de sedução e que a leva, muitas vezes, a suspeitar da fidelidade do companheiro. Outra grande angústia materna é o compartilhar do bebê com outras pessoas, inclusive com o próprio pai da criança, pois enquanto grávida tinha exclusividade na relação com ele, que era sentido como apenas seu. A perda da figura do obstetra é muito significativa. Sob seus cuidados durante toda a gestação, acolheu-a e acalmou-a nas horas difíceis, numa relação de extrema confiança que lhe dava segurança e proteção. Muitas mulheres sentem-se desapontadas com seus companheiros, por acharem que não estão recebendo o apoio e carinho esperados, como também, por senti-los indiferentes ao bebê. Cabe, aqui, uma explicação fundamental. Por ser a mulher a fonte geradora, o vínculo entre ela e o bebê vai se estabelecendo com o decorrer da gestação, o que não acontece com o pai que, nesse período, percebe-se como mero espectador, muitas vezes até se esquecendo que também colaboraram para que a concepção ocorresse. Dessa maneira, o vínculo entre pai e bebê forma-se de maneira mais lenta, também porque de início, o filho é percebido como um grande rival, pois mobiliza todas as atenções e cuidados de sua companheira. Assim, muitos pais estarão se sentindo abandonados e necessitados de apoio e conforto, pois também se encontram angustiados e atemorizados quanto ao presente e futuro e se perguntando se serão capazes de prover e proteger a nova família. Muitos também apresentam dificuldade em reassumir a vida sexual ativa com medo de machucar a mulher ou por perceber o quanto se sente cansada e confusa com as novas responsabilidades, ou mesmo por estarem com ciúmes e inveja da íntima relação mãe-bebê, principalmente no momento da amamentação, quando se sentem excluídos da relação. Decididamente, o pós-parto é um período muito delicado, porém riquíssimo em aprendizagens. Pais e filhos estarão exercendo a capacidade de se conhecer e de se reconhecer como família. Para tanto, faz-se necessário o principal aprendizado que é o sentido de doação, ou seja, que os pais doem a seu filho um lugar físico e psicológico, que antes era só deles, para que se sinta pertencente e acolhido emocionalmente pela própria família que o concebeu. Ana Maria Morateli da Silva Rico Psicóloga Clínica

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Parto: vaginal ou cesariana Sabe-se, atualmente, que mediante uma série de sinais complexos, mãe e criança realizam um compromisso que coloca um fim à duração da gravidez. Neste contexto, os tipos de parto são vivenciados de maneira diversa por cada mulher, pois têm relação com sua história de vida, tipo de personalidade, momento da gravidez e história do casal. Há mulheres que se sentem seguras para optar pelo parto vaginal espontâneo, com o mínimo de anestesia, cooperando ativamente no processo do nascimento de seu bebê. Geralmente, são gestantes que participaram de treinamento da respiração e relaxamento para controlar as contrações uterinas, em cursos psicoprofiláticos. Se o parto transcorre sem complicações, a mulher vivencia uma das experiências mais profundas e plenas de sua vida e o vínculo com o bebê se consolida mais facilmente, além de que o nascimento é sentido como uma transição natural da criança, dentro do útero para os braços maternos. Mas, se ao contrário, for vivenciado como doloroso e traumático, a mãe pode se ressentir pelo fato do filho tê-la feito sofrer tanto, o que pode gerar emoções de hostilidade e rejeição em relação a ele. Durante as contrações uterinas, o bebê encontra-se adormecido, portanto não sente dor. Ele só desperta no momento das contrações finais quando se prenuncia sua expulsão. Estas contrações realizam uma espécie de massagem cutânea na criança e que levam ao amadurecimento final do aparelho respiratório, necessário para o funcionamento na vida aérea, bem como um melhor desempenho de funções como percepção, capacidade de reagir a estímulos ambientais e maior vivacidade, pois eleva o nível de excitabilidade neural, facilitando o desenvolvimento motor e a capacidade de orientação espacial. Para facilitar a saída do bebê e evitar lacerações e roturas do assoalho pélvico, o obstetra efetua a episiotomia, que é um corte de aproximadamente 4 cm feito no períneo, com anestesia local ou peridural. Emocionalmente, a episiotomia pode ser percebida com grande desconforto nos primeiros dias do pós-parto e, por algum tempo, pode gerar temor de abrir os pontos, quando do reinício das relações sexuais, mesmo que a cicatrização já esteja completa. Com o parto vaginal, a criança é colocada sobre o ventre materno, estabelecendo um continuamento entre a vida intra-uterina e aérea, pois o bebê, escutando o batimento cardíaco e a voz materna, como também, sentindo seu cheiro e calor, reconhece e mantém os referenciais adquiridos na vida pré-natal. Isto o reassegura e acalma. Quando a dor se aproxima, as parturientes apresentam maior ou menor capacidade para controlá-la,, pois a história de cada uma entra em jogo. Assim, enquanto que uma se surpreende e esgota todos os seus recursos, a outra enfrentará sem maiores dificuldades. Mas, para grande parte das mulheres, a dor ainda simboliza o parto. Desta forma, quando por algum motivo médico têm que fazer cesariana, sentem-se frustradas, menos mães, por não terem passado por essa experiência ancestral, que é a de sentir as dores do parto normal. O modo como a parturiente suporta a dor, aceita ou não sofrer tem um sentido que pode ser cultural ou por questões relacionadas a conflitos com sua própria mãe. O importante é que ela saiba que pode recorrer à anestesia peridural durante o trabalho do parto, se a dor lhe parecer insuportável. Um fator de grande interesse é em relação à duração do trabalho de parto. Enquanto algumas mulheres dão à luz em pouquíssimas horas, outras levam muito mais tempo, sentindo contrações muito dolorosas. Esta lentidão em dar à luz, poderia ser compreendida como a presença de desejos ambivalentes tanto na parturiente quanto no feto. Assim, a futura mamãe poderia estar sentindo uma profunda angústia ante a decisão de manter o filho dentro de seu útero ou de colocá-lo no mundo, renunciando a tê-lo só para si. No feto também há algo que poderia ser relacionado como o desejo de permanecer na segurança e proteção do útero materno ou ter que enfrentar o mundo desconhecido e, portanto, temido. Trata-se de uma decisão de vida ou de morte. Muitas vezes há necessidade da intervenção médica, para que o nascimento ocorra, principalmente se é constatada a existência de sofrimento fetal. Alguns obstetras optam por induzir o parto por razões várias. Enquanto que para muitas mulheres é percebido como uma grande violência, para outras, esperar mais tempo é uma violência maior. De qualquer maneira e apesar de ser realizado em condições fisiológicas ideais, o parto induzido é experienciado de forma menos gratificante que o parto espontâneo, pois pelo fato de ser um desencadeamento artificial, demanda mais tempo e sofrimento da parturiente, sem contar que é uma violência para o bebê, pois será retirado do útero antes do tempo. Mas algumas vezes este procedimento é necessário, principalmente se já passou do prazo previsto para o nascimento e o bebê corre o risco de entrar em sofrimento. O parto sob peridural é uma técnica mais recente e a mais utilizada pelos obstetras, pois anestesia apenas a metade inferior do corpo da mulher. Desta feita, a parturiente pode experienciar um parto sem dor, mantendo-se consciente, participativa e, principalmente, presenciar o nascimento do filho. Muitas mulheres, entretanto, reclamam da sensação de estranheza por sentir apenas a parte superior do corpo, impedindo-as de movimentar as pernas e de caminhar. Pode surgir, também, o temor de ficar paralítica, uma vez que a agulha é introduzida na espinha. A desvantagem da peridural e da raquidiana é dificultar a realização da força de expulsão, o que pode ser necessário o uso do fórceps. Isto não ocorre com a anestesia local, realizada na área perineal, mas traz a desvantagem de não aliviar a percepção das contrações finais do trabalho do parto e da expulsão. Em alguns casos, faz-se necessária a anestesia geral e que leva a parturiente à perda da consciência e, conseqüentemente, ao contato com o bebê logo após a saída do útero e que não lhe permite escutar suas primeiras manifestações na vida aérea. O maior problema causado por esta anestesia é que o remédio atravessa a barreira placentária produzindo graus variados de depressão fetal. Também se verificou que é mais freqüente a sensação de indiferença materna diante do filho, após a retomada da consciência. Finalmente temos o parto cesáreo, cuja vivência também é percebida diferentemente entre as parturientes. Na obstetrícia moderna, a cesariana é indicada e necessária, principalmente se há possibilidade de complicações para mãe e ou para a criança. De qualquer forma, para o feto, a cesariana sempre representa uma forma de violência contra si mesmo. Se realizada sob anestesia geral, há uma quebra intrapsíquica entre a mãe e a criança, o que dificulta o fortalecimento do vínculo entre elas. Quando é possível aplicar a anestesia peridural, que suprime a dor mas conserva a consciência, a mãe pode acolher o bebê no seu primeiro contato com o mundo externo, o que facilita a consolidação da relação vincular. Há mulheres que insistem na cesárea programada, por temerem que o parto normal deixe a vagina larga ou frouxa prejudicando sua sexualidade. Na verdade, a vagina é suficientemente elástica para dar passagem ao bebê, sem alterar suas dimensões de modo permanente, como também com a episiotomia não ocorre a rotura do períneo. O impacto de um parto desencadeado de maneira espontânea, sem controle, é outro temor que motiva a atitude materna à extrema passividade que é propiciada pela cesariana, em que o bebê é retirado dela sem sua participação. Essa atitude diante do parto vaginal, principalmente em relação às dores, tem paralelo com a dificuldade de assumir a função maternal de não dar conta do trabalho do parto, como se ainda fosse uma criancinha que precisasse ser poupada. Para o bebê, a cesárea programada, num momento em que não houve o início do trabalho do parto e quando nada o havia preparado para uma rápida transição para a vida aérea, é percebida como tendo sido arrancado violentamente de seu meio sem que ele e sua mãe tivessem manifestado um sinal biológico ou desejo. Há de se repensar a cesariana, a pedido ou necessidade, no sentido de humanizar o nascimento do bebê por esta via, para que lhe seja menos traumático e violento, bem como não prejudicar o vínculo que une os pais e ele. Assim, a mãe deve permanecer em comunicação interna com seu filho, dando-lhe sustentação e compreensão do que irá ocorrer. A grande dificuldade é que, neste momento, a mãe também está com muito medo da anestesia, da cirurgia, e o que consegue transmitir para o bebê é um intenso desgaste emocional, o que o fragiliza ainda mais. Em geral, os bebês de cesárea nascem hipotérmicos e tensos. Para amenizar o sofrimento e o sentimento profundo de ameaça contra sua vida, o bebê deveria ser colocado imediatamente em contato com a mãe, ao sair do útero, para que pudesse manter os referenciais maternos tão conhecidos e amados. Quando isso não for possível, seria ideal o pai acompanhar a equipe nos cuidados de seu filho, falando com ele, uma vez que reconhece sua voz e se reassegura. Concluindo, se houvesse uma preparação psicológica da gestante, principalmente no terceiro trimestre quando a aproximação do parto é real, a futura mamãe poderia vivenciar e participar mais ativamente deste processo tão emocionalmente intenso, quanto é o nascimento de seu filho, assim como, possibilitar uma tomada de decisão em relação ao tipo de parto com maior consciência e compreensão do que é mais adequado para si e para seu bebê. Ana Maria Morateli da Silva Rico Psicóloga Clínica