Hoje vamos tratar de um assunto delicado, o qual sentimentalmente poderá afetar quem lê, mas a nível psico-científico é comprovadamente uma realidade: as relações de afeto originadas em filhos superprotegidos, especialmente em filhos únicos.
G. Stanley Hall, notável psicólogo americano afirmava que "ser filho único é em si mesmo uma doença". Esta afirmação tão radical poderá ser analisada com muita percentagem de verdade a nível psíquico. A nível socio-economico tem a vantagem dos pais concentrarem em filhos únicos os seus recursos de tempo e especialmente de dinheiro, numa só pessoa, tornando-lhe tanto quanto possível a caminhada existencial demasiadamente fácil, tornando-o freqüentemente egocêntricos, caprichosos. Parecem possuir tudo, toda a superproteção e apoio material, mas à medida que crescem, na generalidade instala-se no seu íntimo um vazio, um não sei, de inquietude e insatisfação. Os pais são para os filhos os referenciais mais poderosos de apoio e segurança. É necessário cuidar dessa confiança, alicerce sólido, para um crescimento normal, evitando: - Discussões e conflitos na frente da criança, o que a torna insegura, com medo e desprotegida; - Entrar em desacordo, em desautorização no processo educacional utilizado. - Jamais utilizar o recurso da mentira. Deverá haver sempre uma explicação com base verdadeira, seja para o que for, adaptada a uma mente infantil, cuidando especialmente esta situação entre os 2 e 5 anos, período de tempo em que as impressões se gravam mais profundamente na mente da criança. - Nunca tratar os questionamentos da criança com desatenção, as crianças captam as coisas no ar, tem dúvidas, procuram copiar o que os adultos fazem, elas entendem e sentem além de nós, motivo que as orientações devem ser claras. A perda da confiança nos seus mais poderosos referenciais é conduzi-la um dia também à mentira, à insegurança (as fontes seguras de apoio falharam), provocando uma rebeldia que poderá afetar ao longo da vida. A criança é um verdadeiro radar, capta o real, mesmo parecendo distraída. Muitas vivências captadas durante a infância passam para o inconsciente. Mais tarde as situações traumáticas afloram e criam personalidades distorcidas, mentes confusas e desencontradas. Nunca repreender, nem castigar uma criança na presença de outras pessoas, intimidando-a, introvertendo-a, é preciso entender a forma de pensar das crianças, onde muitas vezes não cabe um repreender ou dar um castigo, muitas vezes injustos. A mente infantil fica confusa e deformada. É deveras humilhante e revoltante receber uma repreensão, principalmente em público. São normas básicas da psicologia educacional, mas tão importantes para o desabrochar no crescimento da criança, noções que o conduzem à construção, ou à destruição. Normalmente os filhos únicos, ou até os filhos mais novos, na hierarquia familiar, sofrem de superproteção, são mais mimados, criam-se laços excessivos de dependência, que podem ser reforçados e explorados mais conscientemente pela própria criança a fim de conservar o seu estado de favorito. A superproteção é dar à criança o que ela não necessita. As conseqüências são tristes. Em regras gerais, as crianças mais inteligentes criam um anseio premente de independência e libertação, que as conduz a caminhos desencontrados das suas reais necessidades. Os menos inteligentes, mais amedrontados, que não vivênciam tão fortemente a rebeldia, acomodam-se, anulam-se e seguem dependentes, inseguros e permanentemente angustiados. Quantas mulheres frustradas sentimentalmente, afetivamente solitárias, separadas ou mães solteiras, fixam-se no filho, ou filhos, como propriedade, é meu, são meus … é o que têm para minimizar a solidão de amor. Por vezes a filha é bem pequena, na sua infância ainda, e torna-se a confidente da mãe, da mulher, criando um mundo de culpas contra o pai. O filho, ou filha única suportam todas as cargas e, tendo tudo … por vezes nunca tem infância própria, na adolescência continuam vivendo em função da problemática mãe solitária ou queixosamente doente, quase sempre dormindo inquieta com o que pode acontecer. Simultaneamente há a desastrosa superproteção, em que a criança nada tem que ajudar, porque está tudo feito, não há responsabilidade de tarefas, há um controle ansioso, um cuidado excessivo, que incomoda por vezes e que a jovem mais tarde tenta fugir. Os filhos superprotegidos, na adolescência até mesmo na vida adulta podem tornar-se indolentes, exigentes, inseguros, mascarados com atitudes de arrogância, pouco responsáveis, egoístas, sem defesas psíquicas e sempre fixados especialmente na mãe como referencial seguro onde se podem acolher. Podem, e acontece freqüentemente, tornarem-se adultos insatisfeitos, complexados, infelizes e facilmente sujeitos a neuroses depressivas. Todas estas situações são de análise com base na ciência psíquica e nos diversos casos por mim estudos dentro da hipnologia. Porém, os pais não fazem melhor por ignorância somatizada ao longo dos séculos. A ignorância da psicologia educacional é a causa primordial de muitas enfermidades psíquicas que podem desencadear graves psicossomatizações e naturalmente podem ser evitadas desde que haja orientações voltadas à Higiene Mental Familiar, neste ponto peca a estrutura sócio-educacional . Dar existir não significa dar Vida, é necessário aprender a ciência única – a ciência do psiquismo – que conduz ao encontro do verdadeiro "Eu", à afinidade vibratória com os sentimentos nobres com que cada ser humano nasce e pode desenvolver. E talvez a Paz pudesse um dia ser uma realidade vivida e sentida na generalidade do Universo Humano, começando dentro dos nossos próprios lares. |
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
filhos superprotegidos
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